segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Puta Transferência



Segundo Nietzsche o amor pelo espelho e pelos nossos prazeres faz com que amemos nossa mãe, perdoemos nossos irmãos, procuremos a estapafúrdia “alma gêmea” (que é uma metáfora xifópaga a uma perfeição quase nazista), e a idealização de um Deus a nossa própria imagem e semelhança. Pra ele tanto o amor quanto a paixão são fundados em necessidades do próprio ego, em transferências...
 

Mas convenhamos, Nietzsche não é a pessoa mais indicada pra dissecar sentimentos ou desejos, isso é até possível: Não possuímos ar e por isso o desejamos, transferimos ele para os nossos pulmões, sem dissecar sua composição.

A paixão existe e apenas "Almodóvares" são dignos de falar sobre isso..."amar assim é um crime", e ponto...

Mas...quando não sentimos nada somos como Nietzsches que rasgam o próprio rabo pra racionalizar os sentimentos, quando sentimos somos Almodóvares que pra nós, a sensação basta, dispensando qualquer explicação, ninguém come chocolate tentando entender sua composição, comemos por que é uma delícia.

No banquete de Platão, Aristófanes lança sua tese de que já fomos seres andróginos: De 4 patas, 4 braços e 2 cabeças, e em um dado momento, fomos castigados e separados, segundo ele, temos a maldição de sempre procurar a outra parte, esse é o conceito da "Puta Dependência". 

Não acredito nesse conceito e nem ele o acreditava: Mudamos, nos transformamos no decorrer da vida, geralmente evoluímos e por isso, em cada fase da vida algumas coisas nos faltam ou nos excitam, por semelhanças ou desigualdades extremas.

A vida é uma Puta Transferência: Nada mais óbvio do que desejar o que não se tem, nada mais humano do que querer se complementar, nada mais simples e indolor do que partir quando não há trocas.

Mas sempre, absolutamente sempre a tal da Puta Transferência estará presente, e ela não configura a "Puta Dependência", ela só declara a "Puta Admiração" em todos os lugares que ela escolhe trafegar.

Nenhum comentário: