Às vezes minhas palavras me respondem, por vezes são silêncio profundo. A dor intermediária me faz criar, pensar, escrever...e se nenhuma dor é o branco, na pior fase dessa megera ela me tranca na escuridão sem respostas, fim sem apoteose, fábula sem moral.
E isso é o hoje e agora: Distribuo essas letras e palavras na esperança de um ressucitar, ou da conformidade com a partida... Na última das possibilidades aguardo que elas, as palavras, possam despertar em mimha fisiologia, químicas que me movam pra lugar diferente da descrença e do completo descaso com a vida.
Descer tão baixo pode já ter sido necessário em diversas situações: isso me fez diferente sem ser melhor ou pior, mas a grande supresa, é a constatação de que sempre se pode descer um pouco a mais: Escafandrista do mundo abissal, ser desconhecido que vive tanto abaixo da crosta, quanto do manto e núcleo da terra, ou de mim mesma.
Eu posso falar com toda certeza que o inferno existe e não está fora de nós, eu já estive nele... Mas eu sei, eu tenho certeza que fora da minha mente ele apenas se ilustra nas histórias, na mitologia do mais antigo pagão.
Não é Dorian que se reflete em meu espelho mental, são os males do mundo e todas as construções estapafúrdias do homem e do pecado ocidental.
A psique dos homens era pra ter a estrutura de uma enorme planície, no máximo de uma floresta desbravada...mas não é assim a arquitetura dos nossos medos ou de nosso eu: Somos abismos, camadas afuniladas do inferno de Dante, castigo de Adão e Eva, fogueiras, trincheiras, quartos trancados, ruínas...
Pois é, nós que inventamos o conceito do mal, das punições, crimes e castigos e agora não há mais volta...se passamos uma vida inteira querendo comprovar a existência desses mundos, chega um momento em que você entende que esse universo está dentro de cada um.
Não foi um Deus que inventou o Universo, e nessa crença sem sentido nos tornamos criadores (ou destruidores?) de um universo paralelo, que não está em outra galáxia ou constelação
Peço que cada um feche os olhos e se enxergue por dentro...vê esse caos? Pois é...tentamos por tantos anos explicar a criação das coisas, a estrutura dos mundos, os culpados de todos os males, que conseguimos a nossa única invenção: O que poderia ser verdade ou mera ficção externa, refletiu em nosso interior, masmorras mais severas que as da inquisição.
Comecei a escrever esse texto, sem idéia do meio e do fim, então entendi: apenas se conhecer e trafegar nesses labirintos, é o que te liberta...
Homero escreveu a Odisséia NÃO foi simplesmente pra libertar o mundo, mas pra que diversos heróis internos salvem a nossa própria alma.
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