terça-feira, 28 de agosto de 2012

Per Vertere 2




Hoje cago e ando pra minha utópica "evolução espiritual", entendo em primeiro lugar: ninguém cresce à força, em segundo lugar: não devemos ter a pretensão de dominar "o que é crescer". No nosso tempo já era para as pessoas estarem desimpregnadas dos conceitos de "crime e castigo". Hoje, o que eu acho assustador, avassalador pro espírito, são justamente essas prisões morais. Elas cada vez mais fazem com que pessoas livres pareçam pessoas dignas de penitências.

domingo, 26 de agosto de 2012

Per Vertere 1




O moralismo é uma pedra bruta que envolve o ser humano, é um gesso que imobiliza o auto-conhecimento, sendo assim a auto-aceitação.

Somos congelados pelos conceitos de felicidade e moralidade, e a não observância deste fato, faz com que olhemos nossas frustrações como atividades fantasmas, dores inexplicáveis, tédios nonsense, esquizoidias...mas seriam esses, apenas desejos não assumidos? Pior que não assumidos: totalmente desconhecidos.

Tenho refletido sobre o imenso "vazio" que paira no universo das conversas femininas, todas impreterivelmente o declaram, e nunca nos respondemos amoralmente o que preencheria esse lugar...pois certamente se fossem características "normais" que o preenchesse, saberíamos quais são os sentidos, prazeres, desejos que deveriam se apossar desse trono abandonado.

O vazio, a incompletude feminina, nas últimas décadas foi classificada romanticamente como um espaço a ser preenchido por um príncipe, e essa "fragilidade" feminina foi rotulada como "síndrome de Cinderela", as mulheres sendo ainda vistas como bibelôs têm seu tédio explicado pelo lapso de um sapatinho perdido. Alguma vez foi considerado, que o desejo tem como seu objeto sempre um alvo inalcansável? Então tenho me perguntado, o que é o inalcansável para nós, mulheres.

Talvez a resposta ainda esteja trancada em um fundo falso de nossa caixa de Pandora: aquela que vimos se abrir, seus desejos vimos se esvair pelos ares e ignoramos o recôndito da mente humana, aquela que aprisiona e armazena todos os nossos antepassados, desde as mulheres que executavam seus prazeres sem os limites da moralidade.

Não me canso de repetir, que o mal da humanidade até hoje, foi se iludir quanto à sua natureza: Cremos não fazer parte da natureza animal, mas fazemos...somos animais que tiveram o desprazer involutário, de construir labirintos em nossas mentes, labirintos esses, que têm funcionado como uma brincadeira de telefone sem fio, de uma geração para outra. Não acumulamos e aprimoramos apenas o material genético que nos permite prosperar e ser os seres que mais enfrentam adversidades, acumulamos paralelamente a esses dados físicos, dados mentais, históricos comportamentais, que essa reserva sim, é a única que nos deu o poder de construir uma "razão" que nos afastasse de nossas raízes primordiais.

Nos afastamos sim dessas raízes, e olhando pra trás, se nossas ações milenares fossem visíveis, veríamos fios e nós amarrados, embolados no caminho desse labirinto de entrada incerta e saída impossível.

Mas, no momento em que estamos, no hoje, certamente o que preencheria esse vazio, tem relação com nosso início, sempre tem (nisso eu acredito), e eu não digo início da vida de cada indivíduo, digo que nossos desejos, fantasiados, mascarados e fetiches, são encarnações ilustradas dos nossos desejos animais, que impreterivelmente existe em todo ser humano.

Precisamos encarnar esses desejos como criminosos entre quatro paredes até hoje, nesse tempo em que nos consideramos modernos. Nos preocupamos excessivamente com possíveis classificações que possam nos atribuir, sendo assim, a maioria sofre calado como lobo castrado, sem se dar por conta da possível origem desse sofrimento.

Sexo é desejo, e desejo vai muito além do orgasmo, pois se o estopim do orgasmo para maioria das mentes pouco criativas é apenas o toque, e isso sim é nossa herança animal, nossa relação com o desejo e a fantasia são a nossa diferenciação mais pura do mundo animal, porém esse "plus da humanidade" linka cada fantasia com um desejo primitivo, isso é uma questão de pura lógica, o que eu pergunto é: Qual sensação primitiva está ligada à sua fantasia? Pois sim, o plano de fundo do sexo é sempre o primitivo, o físico que nos fez perpetuar a espécie, erupções hormonais, cheiros, ciclos de reprodução...como afirmar que não possuímos esses sentidos com a mesma intensidade que de uma matilha? Pois se assim não fosse, estaríamos procriando em tubos...

O indivíduo não realiza seus desejos primitivos em função da moralidade. Há alguma possibilidade desta afirmação estar incorreta?

Creio que não há, somos literalmente bichos parcialmente castrados. Castrados por idéias das quais não conseguimos nos livrar, pois estão estes, presos em diversos nós de nossos labirintos conscientes, e o pior: Inconscientes".

O inconsciente é o tal que guarda em si todas as nossas gerações, ele é como se fosse um indivíduo à parte de nós mesmos, o mais poderoso de todos, por que carrega nossa história ancestral e trama escondido, a mercê de nossa vontade.. 

Na oposição da realização de nossos desejos, está esse inconsciente, poluído tanto da moralidade que acumulamos, quanto carregado de nossas forças primais, e está também o consciente: alimentados a séculos por esses "nós", já nascemos trazendo para mundo esse emaranhado de regras dúbias e sem sentido. Essa confusão moral X animal é o que cria nosso nosso diálogo com o mundo, como se estivéssemos presos num interminável paradoxo, acorrentados pela armadilhas de nossas idéias impregnadas.

Tão impregnadas são essas idéias, que não conseguimos concebê-las como irreais, pois tudo que nos separa da natureza animal, são construções non sense, são cultura acumulada, são ciclos viciosos de infelicidade... são literalmente nós criados pelo que acreditamos até hoje ser o nosso trunfo: O pensamento. 

O pensamento foi o culpado pela criação de nossas gaiolas morais, ele gerou o ato de deliberar se comeremos ou não comeremos a maçã, essa simbologia "de comer o fruto" nitidamente está interligada há um momento em que a humanidade teve a capacidade de OPTAR pela realização do desejo, quando na verdade, antes disso, não nos era estabelecida nenhuma condição: Ele era executado.

Hoje nos dividimos em seres que repelem essa maçã, e seres que querem devorá-la de forma voraz, nesse segundo caso essa condição está ligada àqueles que querem vivenciar sua natureza animal, pois é moralmente proibido se comportar com a mesma intensidade que a natureza...

Renegamos nossa primitividade por nos considerarmos seres de natureza diferenciada, oposta e superior à dos outros seres viventes que aqui estão, não podemos fazer sexo como eles fazem, para nossos códigos criados isso seria nos igualar aos "coadjuvantes" deste planeta, convivemos com a crença errônea de que somos superiores, privilegiados e donos deste mundo.

Então ser perverso, que vem do per vertere, que significa "por-se de lado", é um por-se de lado aos engendros, invenções da humanidade, armadilhas morais, conceitos religiosos e todas as tralhas e encrencas que engolimos dentro da racionalidade e de nossa crença de soberania.

Vazio...



Acordei triste, como muitas pessoas acordam...a sensação persistente de que falta algo ou alguém. 

Acho que isso é por que somos humanos, e nossa humanidade nos fez sentir como máquinas em trilhos: somos os únicos seres que olham pra trás e pra frente, tendo noção de o quanto caminhamos, e a ignorância de quanto nos falta caminhar até chegar ao fim. 

Não entendo o por que de nos sentirmos tão previlegiados por termos sido os únicos miseráveis aqui, nesse chão irracional de coisas e seres irracionais, os únicos seres pensantes...fomos privados da dádiva da ignorância, penalizados pelo infortúnio da razão.

Então, voltando ao meu raso dilema feminino...que na realidade, não é raso...sofremos. Buscamos. Não temos a mímina idéia do que buscamos. Eu creio que as agústias na maioria das vezes, mesmo tendo uma superfície fútil, que é o que ocorre na maioria das vezes, a origem de todas as angústias sempre, sempre é profunda e íntima...alguns tendem a bestializar.

Alguns "sentem falta" e acreditam ser essa falta, a falta de uma pessoa, outros compram, gastam, acumulam...outros se exortam no prazer (hoje creio ser essa a fuga mais digna)...mas o que realmente nos falta? Teorizo que na realidade pra todos, falte a mesma coisa: pedaços pessoais, seres interiores...

Pra mim, não faz o menor sentido sofrer por não alcançar metas criadas... talvez eu me sinta meio bicho, e por isso minha noção de "tempo", é bastante relativa, eu sei que ela só existe para quem raciocina e se vê como um trem em trilho. Não consigo me enxergar dessa forma...

Não! Eu não possuo fé alguma e muito menos é a enojante sensação de paternalismo divino, que me protege, ao contrário: sinto que não estou acima de todas as coisas, sinto que cientificamente falando: eu nasci com sementes dos meus pobres ancestrais registrados nos meus dnas...

O meu vazio? Toda a minha floresta, que já poderia estar verdejante...mas perco meu tempo crendo que me falta algo fora, no passado, no presente ou no futuro. Não me falta nada fora e o tempo não me pertence, só a Cronos...Sinto saudades de mim, o ser que ainda não construi e mais tenho ignorado.



terça-feira, 21 de agosto de 2012

The Face is Bad



Facebook ao pé da letra é "folha de rosto", parte do livro que contém elementos essenciais à identificação da obra. O resumo, do resumo, do resumo...Não chega a representar a essência do livro, talvez seja uma das partes que pretensiosamente o ajude a ser vendido, as orelhas do livro até falam mais sobre o próprio.

Muito mais que uma folha de rosto, o FB tem exposto e representado literalmente o "rosto humano" de cada um, mais uma máscara do que o rosto em si. Máscaras sendo expostas, máscaras caindo, sendo descartadas ou trocadas.

Nossos jovens estão aprendendo a lidar com essa máscara como sendo a mais segura de todas, por trás dela todos podem ser o que desejam para olhar pela janela do mundo, o problema é qual máscara usaremos quando desligarmos nossos computadores. The Face is Bad...

Há poucos anos exercitávamos nossa aceitação social frequentando festas, nos relacionando de forma real apenas. As festas ainda existem, os jovens ainda convivem uns com os outros de corpo presente, mas para equilibrar suas auto-estimas, não precisam lutar ou discutir interiormente: Basta criar um perfil.

Basta criar um perfil e utilizar este canal para liberarmos nossas sombras, para aprendermos, acumularmos chavões e clichês, fazer amigos e nos sentirmos "fazendo parte", o lado bom disso é que as igrejas devem estar esvaziando. Pra que consultar um padre se no seu perfil "The Father is Blind"? 

No FB padre é cego, venham aqui fazer suas confissões ou se exercitar para novos crimes, pois ele te apresenta a ilusão do anonimato, anonimato este que está para ser enterrado, juntamente com a privacidade, os direitos autorais e os livros de papel.

A França luta contra isso e tenta proteger até as imagens da Torre Eiffel além de expandir seus diálogos à respeito dos direitos autorais, mas a maioria dos países não cria nenhum tipo de resistência ao que está acontencendo com o mundo. No Japão já existem hospitais psiquiátricos, para internar jovens viciados em internet, lá são treinados para conseguir retornar para o convívio social in real time.

É fato humano de que todos os inventos que produzimos, sempre tiveram os dois lados da moeda, o lado que proporciona o crescimento e o lado da destruição, mas não estamos mensurando esse lado corrosivo, o lado onde as fraquezas humanas encontram alimento para crescer e engordar sem serem vistas.

E isso que está acontecendo, a humanidade está fazendo uma grande curva comportamental, onde uma parte se encaminha para o lado do conhecimento e outra parte em direção a um enorme despenhadeiro.

Ficou mais fácil aprender de tudo, e essa é a solução de uns e o problema de outros. Esquecemos todos os dias o que é vício e dependência, e esses termos não valem apenas para drogas que ingerimos voluntariamente, a pior dependência é aquela que adquirimos sem ter consciência, o vício criado por uma droga intangível como se o vilão da história fosse o "homem invisível", ele nos ataca de todos os lados e não podemos combater o que não enxergamos.

A nova geração se sente estranha quando precisa escrever no papel e talvez isso seja uma evolução natural da humanidade, mas não é natural destruir idioma, seguir maneirismos de forma exagerada ou saber se comunicar apenas escondido por trás de uma tela. Não é natural querer se comunicar com palavras da moda para ser aceito, se sentir jovem ou descolado...ao contrário disso: é patético.

Necessitamos reduzir nossos argumentos a memes para sermos compreendidos, e depois reclamamos que fulana de tal ficou rica apenas com a bunda, ciclano teve uma idéia imbecil e ficou rico, aceitamos essa redução por que convém e é mais fácil...e conseguiremos mais amigos ou seguidores.

Nos dividimos em guetos virtuais, permitimos que nossa privacidade seja devassada, clicamos em "aceito os termos" sem nunca ler...e num desses cliques, aceitamos que uma grande rede nos utilize como produtos (e essa rede já declarou essa disponibilidade formalmente), não se trata de "teoria da conspiração": Nós somos traçados na internet pelo que compramos, visitamos, lemos e etc...Estamos todos indo em direção a um grande fichário humano, enquanto nos gabamos de ter criado um poderoso meme.

The Face is Bad, escrevamos as outras folhas de nossos livros...

domingo, 19 de agosto de 2012

Deméter e Koré



Filha, sabe que foi Deméter? Uma deusa, uma das esposas de Zeus, mãe de Koré.

Deméter cuidava de tudo: da terra, dos frutos, plantas, verduras, nada faltava pra sua filha Koré.

Um dia Koré viu uma flor, e foi atrás...o chão se abriu e uma carruagem de fogo a roubou: Era o seu futuro companheiro Hades, que morava no subterrâneo.

Sua mãe Deméter, passou meses a procurando, pedindo ajuda...pediu 
ajuda ao seu marido, que nada pode fazer, pois Hades era seu irmão e também poderoso.

O máximo de Deméter (a mãe), conseguiu, foi combinar que Koré (que passou a se chamar Perséfone), passasse 6 meses com seu marido, e 6 meses com ela.

Dessa forma, todo ano, Perséfone literalmente nascia e morria, descendo à terra e subindo aos céus...

Vou estar sempre na sua vida te ajudando a renascer, e das vezes que eu não estiver fisicamente do seu lado, basta esperar uma nova temporada, pois na primavera, como tudo floresce bem "verdim", você sempre brotará da terra, assim como sendo uma semente, brotou de mim!! Por isso, pouco falo e sempre estou ao seu lado, pois a natureza nos fez juntas e sempre será assim...




Maldita Fé




O melhor argumento para crescermos, é acreditar que estamos sós, e que a morte é o fim absoluto de tudo, sendo assim só temos esse breve espaço de existência, para perseguir quem somos.

A fé faz o ser humano procrastinar suas responsabilidades e acreditar que suas boas ações vão ser revertidas em sucesso e vão retornar como um pagamento em recompensa. E assim sendo, quase todos acreditamos que sendo "bonzinhos", éticos, moralistas e comportados teremos um dia uma passagem para uma "porta no paraíso" ou ao menos uma velhice sem dificuldades materiais.

Alguém ensina aos filhos esse sistema de recompensas? "Se passar de ano te dou um notebook"..."Se comporte que eu compro o que você quer...Errado...ser bom, honesto, sincero é obrigação, e obrigações não são dignas de recompensa. E se os pais dizem nas entrelinhas, que "a sua boa conduta lhe salvará", ao mesmo tempo estará jogando na consciência do seu filho, a mentira de que devemos nos tolher, privar de determinados prazeres e emoções, pois sendo assim, sua árvore frutificará.

Mas o que é uma árvore frutificada? Para a maioria das pessoas, ela seria um futuro com casa, comida, dinheiro sobrando e uma saúde que nunca te abandonará... mas a saúde em um dia ou outro, sempre nos abandona, nem que seja no inevitável momento final. É nesse escambo fajuto e mentiroso, que acreditamos estar a nosso combustível para a vida.

A vida não é um ser justo, ela te lança adversários, sendo assim ela não pode ser comparada a um jogo previsível e calculado, seria mais semelhante a um jogo de azar, pois dados são jogados no meio de nossos planos, nos corrompendo e mudando a direção do que estipulamos...não confie na vida.

Então, se não devemos ter fé em um Deus, ou na vida, em que devemos crer? Devemos ter fé em nós mesmos, em nossas habilidades, na força que devemos guardar, para enfrentar esses dados no momento em que eles forem lançados, pois não é um provável Deus ou fé que vai te capacitar a ser um bom jogador. 

A única força que nos salva é a nossa própria força, e certamente haverá milhares de momentos em que nem ela lhe salvará, aceitar que boa parte dos resultados não está exclusivamente em nossas mãos evitaria boa parte de nossas frustrações e até quem sabe eliminaria nossas derrotas.

O jogador não deve apenas ouvir o técnico, ele deve é treinar...apenas esses treinos o levam para a vitória. E na vitória da vida pode não haver troféu com a matéria que esperamos, nessa partida que aqui estamos, precisamos entender que por vezes, por muitas vezes esse troféu é intangível, e não de ouro 18 quilates.

Estou farta de ver pessoas partindo sem usufruir...estou farta de ver pessoas se privando de viver, se privando de si mesmo, sendo honestas, éticas...e chegarem a um final, onde o único elemento presente é a dor.

O tabuleiro está cada vez abandonado, com sua superfície arranhada, velha, destruída, de tantas peças arrastadas sobre ele, tranquilas por que vão sair do tabuleiro e não estarão mais sobre ele para usufruir do seu chão de madeira de duas cores. Assim com esse descaso, essas peças agem, apesar de levantarem bandeiras para sua fé...

Que fé é essa, tão grande, que nos mantém destrutivos, infrutíferos, ignorantes despreocupados, destruidores do nosso próprio chão, que foi dos nossos antepassados, e será dos nossos pobres descendentes.

Justo, temos fé na força de um hipotético criador, ignoramos nossos ancestrais, e por sabermos que não veremos milhares de cada um de nossos descendentes...mandamos eles se fuderem ao não colaborar com a cadeia da vida, ao ignorar essa gigantesca bola redonda flutuando sobre o nada. 

Talvez ainda, apenas essa Terra seja nosso próprio Deus e criador, pois nela nascemos, estamos e pra dentro dela retornaremos.

As pessoas acham insuportável "não crer", pois dentro de nossa ignorância queremos e temos obrigação buscar sentidos para a vida, mas que prepotência é essa que nos faz agir como sendo infinitamente superiores a cada vida e elemento que acompanha a nós, "seres humanos". É a famosa citação de que "fomos feitos a imagem e semelhança de Deus"? E se esse ser existe, quem é esse governante que nos faz acreditar que somos a "casta beneficiada" dentro desse complexo de coisas e bichos que aqui estamos...somos cegos e não enxergamos que esse conceito de superioridade, não se aplicou apenas em formas de governo, de administração ou de quaisquer outro sistema: Aplicamos essa crença imbecil, sob o próprio poder da vida.

"SE" existe um Deus, e sendo assim está sob o domínio dele, o poder sob todas as coisas, por que ele não nos deixa ver sua face? 

Dentro do seu conceito de onipotência, onisciência e onipresença, ele teria a capacidade se "se mostrar".

Sendo assim, só nos resta duas teorias reais e lógicas a respeito "desse ser": Ele não existe ou não quer ser visto, não sei muito bem em que mais crer, mas hoje entendo que questionar a vida, e a existência de um criador, respeitar o chão, a invisibilidade desse "cientista", seria um papel inteligente que o ser humano deveria assumir.

Aceitar nossa solidão e possível abandono é o primeiro passo para termos fé uns pelos outros, qualquer outra maldita fé paternalista, procrastina o entendimento, do fato de que aqui somos todos iguais.

Quem é você?




Formamos uma imagem particular, talvez essa imagem seja equivalente a "quem queremos ser", mais do que "quem realmente somos", pois é impossível gerar um instantâneo de nossa alma.

Mas o fato é que essa imagem influencia nossos caminhos, nem sabemos disso, mas tentamos alcançá-la com todas as nossas forças. O clichê, "cuidado com o que você deseja", está explícito nessa busca.

Pior, formamos imagens, ao decorrer de nossas vidas, que podem não corresponder a nosso universo interno. Nosso até então desconhecido universo interno. Portanto, no desconhecimento de nós mesmos, trilhamos um eterno zigue-zague, perseguindo a pessoa que somos dentro de nossa inconsciência, nossa invisibilidade. É triste e estranho, mas nos escondemos de nós mesmos, antes de nos escondermos dos outros...

Rejeitamos um mundo de coisas e comportamentos e trancamos em nossos porões, e muitos pedaços mutilados de nossa essência, se encontram trancafiados nestes, em cáreceres como se nossas partes mais ricas, fossem criminosas...marginais ao "certo" da sociedade.

Qual pedaço de nós então está nessa imagem que formamos? Os palhaços sorridentes, os personagens triviais, os bobos da corte e todo clichê que esperam que nos tornemos, toda a máscara banal que já existe e que esperam de nós.

A máscara particular, a essência individual, sempre é bizarra, pois ela sim, é única e múltipla como uma impressão digital, como os rajados da íris.

Quando formar sua imagem, dê preferência a se ver como seres que não existem...se imagina como um militar? Como uma bailarina? Se vê de terno como um empresário? Descarte pois esse não é você, você é um exemplar único, dê preferência a se imaginar como quimeras surreias, monstros alados, Deuses soterrados...criaturas extintas.

Portanto, não tente responder quem é você, pois se achar a resposta, vai se sedimentar nessa imagem, pois não somos, nos tornamos...esse "tornar", sugere movimento, transformação.

Sua máscara é mutante e única no meio da multidão.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Musas?




Musa ainda existe, e é simples garrafa de inspiração para um homem beber, ou prato farto pro herói se fortalecer, e por quanto tempo fomos bebidas e comidas? 

Talvez ainda sejamos garrafas e pratos que alimentam esse mundo que ainda não nos pertence...crescemos? Não...ainda lambemos sobras e roemos ossos como nossas ancestrais das cavernas. 

Mesmo nos momentos que cremos que esta terra é nossa, o que fazemos é apenas tomar as armas empunhadas pelos capitães de pênis do universo, pra como palhaças ou micos, gritarmos que esse lugar é nosso.

Não, esse lugar não é nosso! Nem tão pouco nosso lugar é inspirando epopéias como a musa Clio, nem inspirando quaisquer outras atividades, que permitam que nossas almas sejam sugadas para manter essa tralha desse mundo.

Paremos de ceder nossos hormônios para criação de bombas, puxemos as sangue sugas dos seios da terra, mostremos que nossa tarefa sempre foi adubar, alimentar e conjuntamente criar.

Se a palavra musa derivou originalmente "música e arte"...hoje reverbera ainda silenciosamente em nossas mentes sussurros: Me usa...me usa...

Minha vontade feminina é me armar de britadeiras e quebrar todo o concreto, soprar de leve e derrubar todas as construções...colocar fogo em bolsas e sapatos...correr descalça entre os lobos e gritar que o planeta deveria ter sido meu desde o início. Minha árvore não deveria ter sido podada, meu fruto nunca considerado proibido.

Grito pra todos os gineceus aflorarem em nossas florestas, e transformarem o mundo, o cobrindo com plantas de todos os tipos...com folhas pegando crianças no colo, cobrindo o frio dos que dormem nas ruas, alimentando a fome e envolvendo como carnívoras as armas e as guerras. Protegendo o chão da chuva e do sol...

Sem perceber ainda somos o fruto mordido, somos a alma em tintas em um quadro preso na parede, portadoras de troncos invisíveis no meio das pernas, querendo mandar...mas não somos castradas, apenas não germinamos por falta de ar...

*Clio (a que confere fama) era a musa da História, sendo símbolos seus o clarim heróico e a clepsidra.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Explosão