sábado, 13 de outubro de 2012

Máscara da Ilusão




Eu tenho uma máscara, que posso emprestar pra todos que amo...ela não é das máscaras que ajuda a comprar coisas, desbravar mundos concretos, se conformar com a velhice, ela não se veste com um terno e gravata pra esperar o fim.

Minha máscara só principia e jamais encerra, ela não tem lógica e contradiz a todas as outras que se prendem aos seus significados. O sentido dela trafega em cada elemento do universo, dependendo do instante e da necessidade da vida.


Largo sempre...sempre larguei em cada esquina do tempo, toda idéia que apesar de óbvia não passa de irresoluta...por que abomino o concreto!! Amo o que há escondido, o conteúdo indecifrado. Esfinges!!Dilemas sem respostas, paradoxos, enigmas como condição da vida, amores sem explicação, pintores surreais, o senso no nonsese.

Essa minha máscara realista fantástica, é uma lente sob todas as outras: intelectuais, morais, normais, impessoais, sexuais, passionais...ela distorce a minha imagem de professora, de escritora, ela distorce até o meu juízo.

Como mãe, filha, mulher, amiga, irmã...quem quer o certo e o padrão, me extingua da sua vida...não aguarde de mim as máscaras escudo, que massacram, temem os obstáculos da existência, fazem planos, lamentam, ou foram construídas em base de dogmas, modismos, fases...

A minha máscara é como fantasma que adentra pelas paredes, ela não faz parte do turbilhão...ela voa por montanhas, transpassa muros, faz malabarismos, trepa despudoradamente com o herói em camas invisíveis e em paraísos insólitos...pois por sobre todas as convencionais, preguei a máscara da ilusão.

Para aqueles que eu amo, meu personagem não tem como oferecer respostas, apenas perguntas que só podem ser decifradas pelo silêncio absoluto ou completo caos. 

Eu não tenho natureza pra oferecer morais de histórias, lições de motivação ou resiliência, eu realmente não termino nada.. e ainda rio cinicamente dos julgamentos e rótulos que me foram impostos: volátil, inconstante, fraca por não findar processos...eu só consigo findar minhas pequenas crônicas, o resto pra mim é digno de velórios sem pompas, abandonos sem saudades...experiências pra mim dispensam diplomas ou comprovações de teses...Me larguem a criar meus mosaicos.

Eu nunca quero ser completa, tudo que eu começo age diferente do meu destino, esse um dia vai se encerrar, o último sonho que quero executar em minha vida: é ter sentido...por enquanto eu só quero para os sentidos me entregar.

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