quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Presente de Grego




Na minha lembrança mais remota eu estava sobre uma árvore comendo seus frutos e sobre ela eu dormia, para que os bichos não me devorassem durante a noite.

De dia eu descia e caminhava agachada, brincava de cambalhota com os meus irmãos, ali esperávamos o sol se pôr. Convivíamos bem com os pássaros, alguns animais rasteiros, não...não reclamávamos da vida, apenas vivíamos como os outros animais viviam.

Perdas? Sim, tínhamos perdas, pessoas e bichos sempre partiram, mas nosso foco era a vida, o prazer era maior do que o medo do fim, então...pra que questionar o fim?

Tudo era farto, teve uma época que nos reuníamos em torno da fogueira, em alguns outros períodos, caminhávamos muito, sempre procurando condições melhores. 

Nossas tarefas eram simples, começamos fazendo nossas próprias ferramentas, e com elas fomos nos sentindo mais fortes...tão fortes que começamos a registrar nossas experiências, na tentativa de capturar essências.

Conseguimos, nos tornamos os donos do espaço...e nós agradecíamos por isso cada vez mais e de formas diversas. Por sentirmos privilegiados nos sentimos os mais importantes. 

Então começamos a produzir cada vez mais, coisas para o nosso próprio conforto. Produzimos, produzimos, até que alguns começaram a querer mais que os outros...e depois...foi isso que aconteceu...

Mas a sua pergunta foi onde tudo começou, não é mesmo?

Não me lembro com certeza dos dias anteriores a esse que eu relatei, estávamos sobre as árvores, não me lembro de nada desse tempo, a não ser da sensação de liberdade...senti algo que parecia uma pedra caindo sobre a minha cabeça...não sei quem a jogou...

Mas gostaria de saber quem foi esse maldito que me fez começar a pensar, ouvi dizer que fui feito a imagem e semelhança desse irresponsável

Acho que ele próprio não pensa muito ou não é daqui, se fosse...não nos daria o pensamento: Uma arma pra destruir o próprio lar.

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