segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Senhora Liberdade




Mulher -Enfim a senhora chegou...mas desculpe a falta de protocolo, eu não sei como devo te receber, talvez eu devesse ter preparado pompas e circunstâncias...mas...eu sequer consigo fitar os seus olhos.

Liberdade-Mas eu estive com você até seus 15 anos...você não lembra mesmo de mim?

Mulher-Até lembro um pouco, mas nessa época eu te tratava de um jeito, agora tenho que te tratar de outro...e não sei como...


Liberdade- Relaxa, vamos tomar uma cervejinha, você tem gelada aí?

Mulher- Vou pegar...

Liberdade-Por favor, tira o senhora...eu sou sempre jovem, deixa esse pronome pra Desgraça, pra Dor, pra Morte...pode me chamar de Lili...

Mulher-Lili? Credo, não consigo imaginar alguém que foi a salvação da escravatura como o nome de Lili...

Liberdade-É...e ali eu só fiz uma aparição, e fui logo embora.

Mulher-Como assim "foi embora"?

Liberdade-Mulher, você não percebeu que minha presença é rara? Na maioria das vezes eu ando de mãos dadas com a Sra. Morte...

Mulher-Eita...o que você tá fazendo aqui então??

Liberdade-Calma, calma...você não vai morrer, apesar de que, dependendo as circunstâncias eu acho isso uma boa alternativa.

Mulher-Não sabia que era engraçadinha.

Liberdade-Sou!! Mas ordináriaaa...enche meu copo de novo.

Mulher-Vem cá Lili, não tem medo da cirrose não?

Liberdade-Eu não, eu já trouxe cirrose pra tanta gente...é só eu chegar pro povo achar que pode comer, beber, trepar e etc...eu não dou corda...mas como eu não tenho o poder de interferir...eu aproveito junto e que se dane...Lili pode tudo querida.

Lá pras tantas, Lili estava caindo pelas tabelas...porra, o que eu vou fazer com um raio de Liberdade de porre! Só pude abrir o chuveiro e deixei a vadia lá sentada no box, quase dormindo pra ver se passa o porre. Só comigo acontece essas coisas?? 

Tirei ela do banho, a liberdade é um pouco gordinha, então não tive roupa pra colocar nela, ajudei ela a se deitar em minha cama...parecia um quadro de Bottero. Fiquei a olhando, eu ainda não sabia o que fazer com essa cretina. Anos que não me visita e faz uma decepção desse porte.

Liberdade-Ops, eu tô bêbada mas não tô surdaaaa, se manca mulher, a minha presença nesse mundo é muito rara! Soluço...
Eu apareço praticamente só pra inspirar e salto fora...

Mulher-Ótima notícia...o que eu devo fazer então, depois de você me afogar com todo o seu "otimismo"?

Liberdade-Não faz nada (soluço) sua anta, nada que você fizer ou disser, vai me manter aqui...tô indo.

A doida levantou cambaleante e vomitou no meu edredon novinho...

Liberdade-Olha..tá vendo? Comi camarão no almoço...oi amiguinhos, a vocês eu realmente libertei com minhas mastigadas, camarão, camarão...responde...ih, acho que eles estão mortos...

Mulher-Humpf...tô repensando se quero sua companhia sabe...

Liberdade-Não quer ? Fo-da-se sua escrava de merda...se eu ficar você não vai saber mesmo como me acompanhar, fo-da-se, você não perde a companhia do "Bloqueio mental", todos são hoje escravos dele, atende pelo codnome "Conceito"...às vezes ele se traveste de "Moral". "Moraaaaal".

Pronto, falado isso, surge no meu quarto, um travesti coloridíssimo, deslumbrante...

Mulher-Que raio é você, vivente maluca.

Dona Moral-Cachorra, piranha, eu não sou vivente, eu sou a "Moral".

Mulher-Você é a Moral? Toda errada desse jeito?

Dona Moral-Sou gatâam, sempre fui, se os bofes querem me colocar em camisa de força, me vestir gravatas, exigir que eu faça parte dos padrões, aliás eu sou a "Sua Moral"...você me deu um pontapé sua horrorosa, mas obrigada por me fazer ficar desse jeito, lindaaaah como estou.

Mulher-Então tá...

Dona Moral--Quem é essa bandida deitada na sua camaaa, vc é lésbica? Que lindo...

Mulher-Nada demais contra ser lésbica D. Moral, mas essa aí caída é a Dona Liberdade, mas você não já conhece ela?

Dona Moral-Credo, somos como sol e lua, ela é o falcão e eu sou a loba do feitiço de Áquila...onde eu estou ela não está, mas não é que ela é uma fofa...

A Liberdade então começa a acordar, e dá de cara com a Dona Moral, e dá um grito assustador,

Liberdade-Some da minha frente sua bandida, olha o que você fez comigo? Eu virei um fantasma, uma sombra...enquanto você está aí que nem um pavão, as pessoas não podem me deixar entrar em suas vidas. Cadela!!!

Por Zeus,,,eu que achava que a liberdade era uma mulher com asas, e a Moral fosse um velho carrancudo, mas são essas criaturas bizarras?

Dona Moral-ada civilização tem a liberdade e a moral que merecem querida...cansei, Liberdade, vombora comigo santa?

Dona Moral-Vamos!! Quero sumir daqui!!

Mulher-Espera, esperaaa, mas vocês disseram que não andam juntas!! Vão fazer essa putaria agora, que a Liberdade ia me salvar!??

Então uma olhou pra outra com cara de cínica...se deram as mãos e sumiram, como uma teletransportação.

Bom, eu não vou ter mais Liberdade, e minha moral é essa quimera bizarra, o que devo esperar? Nessa hora surge uma cabeça branca do lado de fora da minha janela...era um senhor todo pomposo...

Mulher-Que raios é você? 

Sr, Religião-Eu sou o controlador de tudo, sou o Sr, Religião...
"Deus" ordena minha vigília, pra eu ficar aqui eu preciso corromper a Liberdade e preciso controlar a "moral", o meu transporte se chama "Comunicação", e na minha equipe tenho o "Cabresto", o "Recato", a "Repressão", o ...

Mulher-Chega, chega, chega, você está enchendo minha sala de gente seu folgado! Esperem aí que eu já volto! Tenho uma surpresinha pra vocês!

Mulher-Queridos..."say hello to my little friend!!

Matei a todos!! Fiasco...que instituições mais filhas da puta!, sentei e abracei meu cachorrinho, parecendo até sorrir, abanando o rabinho, sinto que ele não viu visita alguma!! 

Pois todas as nossas visitas chegaram com o fim da primitividade e o nascimento da única mulher realmente destruidora, a "Razão", essa maldita devorou o bicho homem, teve uma baita de uma ingestão e vomitou o Humano, não satisfeita...cagou no mundo a falsa Liberdade, a Moral e a Religião.

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