quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Saga da filósofa de merda 4: O sexo e as décadas




Década de 80, sou filha de um casal que vivenciou a década de 70 usufruindo da liberdade da única forma que sabiam: fazendo muita merda. 

Sim, é isso que os adultos da década de 70 faziam: vivenciavam sua adolescência apenas após o casamento, exaltavam a posse e a conquista da "liberdade", usando a mesma pra experimentar o que nas suas adolescências não era permitido. Lembro que esse estigma do "que não era permitido", não necessariamente "não foi vivido", do que eu sei de conversas ouvidas dessa geração, as amigas diziam umas pra outras que eram virgens, e não eram, e quando ainda eram, já tinham usado as mãos, os joelhos (difícil de entender isso né: dobrem um joelho e olhem pela sua lateral), o que dirá as suas bocas, bom, tudo indica que nenhum buraco e reentrância foi poupado, foram desvirginados em prol da moral e dos bons costumes, pensando bem, a impossibilidade que essas "vaginas falsas" tinha de engravidar, até que a vantagem da prática era bem grande.


Como minha mãe era uma dessas que levantou bandeiras a favor da liberdade, por muitas vezes eu fui a própria bandeira...exibir uma filha com uma livre educação era motivo de orgulho, pra mim, por muitas vezes isso foi ótimo e por várias outras me pareceu bizarro. 

Não posso dizer que minha mãe era o único modelo de mãe durante os anos 80, nesse período elas variavam entre as completamente livres, e as mães hipócritas, pode ser até que a maioria seja hipócrita, mas mesmo os filhos da hipocrisia transformavam a revista Capricho em suas mães.

Então não haviam muitas dúvidas à respeito de sexo na década de 80, e com 12 anos, no máximo 13, bastava ler "Eu, Cristiane F. 13 anos, drogada e prostituída", pra atiçar a curiosidades que seriam esclarecidas em uma banca de jornal. 

Sim, com 12 ou 13 anos, não estou exagerando. Entre as bundas que eram enfiados "biquinis enroladinhos", havia um fogo escomunal, esse incêndio em questão não era apagado pelas rebarbas, pelo joelho ou por arredores: a mangueira ia direto pro foco do incêndio, bem precocemente durante os anos 80.

A televisão obviamente era uma mídia que nos empurrava opções, não haviam cliques pra que tivéssemos acesso a conteúdo de acordo com nossos interesses ou vocações, interesses eram impostos como condicionais, se hoje o jovem é impelido a ter um computador com acesso pra não se sentir excluído, na década de 80 você se sentia excluído se não mantivesse uma semelhança com as mulheres das propagandas de bebidas sofisticadas, ou a forma física heróis fumantes que mostravam estar sendo conduzidos ao sucesso.

Nunca antes antes da década de 80, bunda alguma havia enriquecido tanto suas proprietárias, se hoje é a "celebridade idiota" e seu rosto ilustrando hábitos fúteis que nos fazem comprar, não fique triste, a coisa já foi pior, não eram necessários rostos como objeto de consumo. A publicidade exaltava a sexualidade precoce, os pais ou concordavam ou não tinham saída senão a de aceitar.

Então chegou a AIDS, por meados de 85, os religiosos tiveram uma boa desculpa pra frear a fudelança, incitando a idéia de que a liberdade sexual chegou a permissividade e por isso fomos castigados...assim sendo, esses pais e mães que foram jovens freados por essa doença, começaram a criar seus filhos com um rigor muito maior do que eles receberam.

Descarta-se a idéia de que os anos 80 foram o ápice da liberdade sexual e que sim, o ser humano precisava chegar a esse ponto, continua sendo a liberdade sexual, importante pra todos os seres humanos, com idéias livres da presunção religiosa, livre das idéias de crime e castigo.

Então aí está, agora entre nós o "homo trepos onde, quando e com quem quiséreis", e o problema é meu. Minha natureza é animal, meu corpo me pede sexo, eu sei me prevenir das doenças, eu sei que amor é uma coisa e sexo é outra. Uma geração que escolhe o companheiro com critérios do que você necessita nesse momento, sem juras de amor eterno. Fim do romantismo? Não creio, creio que as mentes estão a caminho de reduzir bloqueios, a caminho de viver como lhe apraz, e fazer sexo com a mesma intensidade e propósito, que os outros seres sexuados e nossos elos perdidos fizeram, a natureza fala, e o que ela diz através de nossos corpos é que trepar é bom, necessário e não dita quem somos, apenas sugere os prazeres que devem ser executados como cada um bem entender, finalmente, estamos a caminho de provar que o caráter de alguém não pode ser medido por um gráfico que cruza entre "com quem" e "como" trepamos...

Deixem os julgamentos para os padres: Os únicos que ainda fazem votos de viver sob essas regras ridículas, provando nos próprios pecados dessa instituição, a falência de seus valores de castidade.

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