segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Realismo Fantástico




Meus sentidos às vezes somem...tentar ternura...persistir, nessa persistência, me distancio de nem sei mais o que, no único lugar do silêncio de não sei onde. 

Eu já ouvi falar na vida, com conceitos tão diversos dos meus que não compreendo, eu já ouvi falar da vida. A mim ela rasga, alfineta, testa...até quando? Não quero mais buscar respostas pro que é intransferível ou compulsório


. Eu só queria sentir na minha carne os prazeres que ela não pode experimentar, sistemas e órgãos analfabetos, que de tão, tão estúpidos, cegos, surdos e mudos, me obrigam a apenas sentir minha alma...pós-graduada escrava, cobaia de danos...marionete das consequências...

Será que alguém sente a vida como farpas? Eu sinto...ela querendo me empurrar do alto de uma montanha como se eu pudesse me salvar voando, ou ao menos dançando entre as nuvens. Trégua, é o que meu corpo pede, mas eu não respondo mais com palavras, gestos ou qualquer sentido daqui deste purgatório de elementos apenas aparentemente estáveis.

Eu passo fome, mas nada falta em minha fisiologia, eu tenho sede...mas a água não basta, o chão é uma planície de úteros que ainda nem nasci, um tsunami que as águas não recuam, vento que nunca venta quando é pra ventar, e que some, seca quando preciso respirar. 

Não, não consigo produzir nada que não seja vida, encerrar nada como a morte encerra, caminhar como o tempo obrigatoriamente caminha. Eu só tenho a mim e ao meu vocabulário de letras dispersas, consoantes de oxigênio, frases alinhadas como eclipses, parágrafos de quarteirões de vidas não vividas.

Só me resta ser surreal e embrenhar o mundo dos sonhos, segurando os relógios derretidos nas mãos de Chronos. Só me restou acreditar que meus deuses não estão aqui nesse maldito Tártaro de Medéias e Fúrias. Não cabe a mim o real, cabe o realismo e o único momento fantástico onde quem inventa o universo, sou eu...



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