terça-feira, 25 de setembro de 2012

Fome




Estou faminta e quero devorar a vida. Meu corpo me pede poucas coisas, mas minha alma é uma filha voraz, escapole de mim e sai por aí...atrás de sentidos que matem a sua fome.

Agora ela está se saciando, enquanto Keith Jarret vive e morre em Summertime eu me sinto viva, vendo ele no piano, entendo que corpo que serve pra mim é em transe, aquele que por não caber a alma, tremula, chia, borbulha, geme...em sons, palavras e cores.

Não sinto falta do ar, mas de arte, dispneia do pulmão mata, mas cianose do espírito, tortura e cria mortos vivos.

Há monges que se alimentam de luz...pros meus porões criarem eu mastigo é a escuridão, lentamente sentindo cada gosto e textura dos meus desterros, e danço...e canto, pinto, escrevo...como sendo essas as minhas fisiologias.

...sou guerrilheira teimosa, daquelas que morre e não entrega a alma, nem sob tortura eu digo que este lugar é o meu, as artimanhas do corpo-capitão do mato não me colocam sob o seu eixo, o eixo das coisas que o tempo destrói.

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