terça-feira, 11 de setembro de 2012

Prece à Vida




Desculpe vida, por não te enaltecer...dissipa de mim o pessimismo perante sua existência, perdoa a minha cegueira tendo dois olhos pra ver o mundo. Me deu a maternidade e te cobro a minha falta de respostas e soluções.

Desculpe, por não olhar seu cenário e me manter na escuridão, pisa em minha prepotência de querer ensinar, o que não aprendi.

Eu quem me martirizo te vendo passar tão serena por mim. Deixou ao meu redor milhões de ferramentas para eu não sofrer, e eu sofro. 

Me ajuda a compreender teus ciclos como meus, puxa com força meus olhos para os Céus, e me choca com a beleza das estrelas...me afoga nos seus mares repletos de vida, me faz beijar seu chão como se esse fosse as mãos de minha mãe.

Me tira os antolhos, faz de mim um ser humano, me grita com força pra que eu acorde e me transforme em uma mensageira da sua energia, a começar por mim e por aqueles que me cercam. 

Me dê sobriedade para desembaçar meus olhos, e enxergar as coisas e as dificuldades como ritos do meu crescimento. Me doma vida...com sua gentileza e não com o chicote ao qual eu me impus. Me quebre em pedaços para eu reconstruir minha ordem.

Me ataca vida, passa por cima da minha alma, pra que eu te sinta, me faz chorar até que eu aprenda a não mais sofrer, me surra enquanto eu enxergar em tons de cinza todo o colorido que você me cercou.

Aponta para minha algemas, e me impõe a verdade: foi eu quem me prendi.Olha nos meus olhos enquanto eu dissolvo as rédeas e amarras que eu me impus...e basta continuar viva enquanto eu descubro que a morte está no ato de não enxergar sua beleza.

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