terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mistura




Estou me olhando e não me vejo branca, me perguntam se sou do oriente...não sei de onde sou! Minha mãe vem dos Fasciotti, e meu pai com aquela cara de índio, se gabava de sua avó francesa...

Mas uma tia me disse que reza a lenda que uma de nossas ancestrais, foi roubada por um índio.Meu avô se fosse vivo, não passaria no aeroporto dos EUA, iriam desconfiar que ele era do Talibã, e sua mãe, ganhou um concurso de mulatas...

Então eu posso fechar os olhos que ouço o tambor, e meu pé descalço traz terras da África, e cozinho, cozinho a feijoada, regada ao azeite português, que não esconde o gosto do de dendê. 

Foi graças a Oxum ter trepado com Santa Isabel de Aragão e não com uma santa inglesa, que eu penso e misturo e sou diferente.

Minha receita foi feita com pitadas encantadas, que não calaram meus negros, que começaram a falar com os pés, e subindo, subindo...levaram as palavras até para as cadeiras, nela se enroscando...subindo, subindo, e saindo pela boca: Eu jorro ancestrais que conversam com simples sacudir de ombros.

Eu sou de lá e daqui. De acolá e de lugar nenhum. Isso por que eu nasci aqui, onde todos convergiram. E se eu divergir...não me segura não...são meus antepassados trepando, para parir meus pensamentos mulatos...

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