segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vovó



Um pequeno ser faz aflorar essa magia, o perceber o mundo de outra forma, olhar para o nascimento com delicadeza, olhar recém-nascido não como “um grande compromisso” da maternidade, mas com a simplicidade e fragilidade da vida.
Os filhos já foram criados, e lamentamos por todos os momentos que já se foram com eles, e os momentos que, na pressa do viver, deixamos esvair entre nossos dedos.
A avó não conta os dias para ele andar, falar, entrar para a escola... ao contrário, torce para o tempo andar devagar, nesta torcida, percebemos que ele, o tempo, não é tão imperdoável, e nos trás a oportunidade de simplesmente contemplar. Isso, contemplar... é isso que o neto nos ensina: que mesmo quando éramos apenas mães, deveríamos ter aprendido a contemplar a vida como um broto de planta.
Nesta contemplação, que hoje compreendo ter também ter recebido de minha avó, o amor e o bom exemplo nascem como poesia impensada, como os versos não calculados dos melhores poetas, esses versos recebi dos meus avós e só agora eu os entendo. Dentro desses versos, toda dor e qualquer matéria perdem os por quês...Por que perder tempo? Pra que? O abismo que surge ao se deparar com essa realidade, é oprimido por mãozinhas e pezinhos minúsculos, que você não pensa como vão ser quando crescer.
Não dá para explicar a “voternidade”, vou tentar...aprender a olhar descartando as paredes, nada ver e apenas sentir, proteger, é o início do verdadeiro crescimento ou quem sabe sua constatação, a flor que você gerou e virou fruto, exercício para ser anjo.

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