Eu deveria, poderia e teria
argumentos da minha IMAGINAÇÃO para começar uma história com recursos lúdicos,
líricos, tons pastéis, rimas ricas...e, incrivelmente eu sei chegar nesse
extremo como poucos, e vou chegar... Eu tenho um diploma costurado em minhas
vísceras, e não me orgulho da ausência de cadeiras acadêmicas dele, mas cada um
faz o que pode. A burocracia me enriqueceria...com certeza. Mas só ela não me
bastaria. Frequentei dores, pânicos, empatias, soluções, medos e milagres que
ninguém freqüentou.
...Em baixo do tapete florido e
com arabescos, está o sangue, está ali por anos, mas está fresco, vivo, bem
mais vivo que minhas lembranças enterradas. Não chega a ser um líquido jorrado
por um assassinato, ou por uma tão grave mutilação. É o sangue que está
simplesmente por baixo do tapete da minha dor. Sua dramaticidade? Cabe a quem
quiser interpretar, eu mesma tentei transformá-lo em algo lírico como meus
quadros borrados e minhas poesias dispersas que não chegam a lugar algum,
como eu...
Normal...assim todos crêem ser
sua realidade, e por muitos anos também
o fiz. Por alguns outros anos tentei ser “o contrário”, nunca me dando por
conta que “o contrário” é guiado justamente por sua oposição.
Detesto, me envergonho, me sinto
humilhada em me lembrar das vezes em que eu apanhei, mas envergonhada ainda em
lembrar que gastei anos tentando raciocinar “por que apanhei”...literalmente...sequer
tenho consciência se eu posso ter me tornado ré em diversas situações, calcada
na falsa realidade que aquele sangue me tornaria eterna vítima, a que sempre
tem razão, a mártir?
Pois foram nestes dias de sofrimento que eu
nasci, antes disso minhas realidades eram diferentes...
Como é a dor de apanhar de um
pretenso amor? É o fim de tudo, a falta de sentido, a ausência do espírito , é
a descrença, o inconformismo e a loucura. Não há Maria que console...nem Madalena, nem mãe de Jesus, nem da Penha... O que resta nesses casos, é simplesmente repensar o que é amor.
No início, eu me vingava de minhas dores rasgando
meus quadros e me trancava em um quarto escuro, e hoje questiono como persisti na
crença em Deus, se é que persisti.
Mas anos depois disso tudo, eu estou “Desaprendendo a
amar”, é isso mesmo, desaprendendo. Isso não que dizer que eu não ame.
Quer dizer que eu, e talvez todos nós, tenhamos aprendido da forma errada. E ao reaprender, eu acho que vou ter que utilizar essa mesma palavra para um conjunto de químicas e sentimentos diferentes dos que eu me acostumei. Por que eu ainda não sei perdoar...e...”não saber perdoar” faz parte de amar? Eu não sei a resposta...
Quer dizer que eu, e talvez todos nós, tenhamos aprendido da forma errada. E ao reaprender, eu acho que vou ter que utilizar essa mesma palavra para um conjunto de químicas e sentimentos diferentes dos que eu me acostumei. Por que eu ainda não sei perdoar...e...”não saber perdoar” faz parte de amar? Eu não sei a resposta...
A memória nos prega peças. As
imagens são fortes. Acho que o indivíduo que perdoa facilmente é simplesmente
aquele que consegue criar novos cenários, se apegar a novas imagens e apagar
totalmente as antigas. Talvez a palavra “esperança”, seja um segmento desse
processo, se a esperança fosse uma pessoa, seria uma pessoa que não olha para
trás...talvez essa "pessoa esperança", não consigo sequer olhar para si mesma, ou para o seu lado, pois só isso já faz com que se pese os prejuízos...os danos irrecuperáveis que a violência pode trazer para várias vidas, quando ela passa apenas dentro de um lar.
Juntar clichês é o meu repúdio,
mas existirá amor sem esperança? Nesse emaranhado de “anças”, confianças,
esperanças, bonanças... CONFIANÇA...não entendo mais nada e descobri que meu
corpo sempre me enganou, pois o amor não está só nele. O amor mexe com o corpo,
mas nem tudo que mexe com o corpo, é amor.
Amar é apenas estado de espírito.
O estado de espírito que dá significado para a vida. O significado de montar
família, montar um lar, gerar filhos...pagar contas, comprar uma casa...são
metas dignas de quem ama. Toda essa “rotina”, é o meio e não o fim. Prazer,
abnegação...talvez eu seja platônica em acreditar. Não, eu não sou perfeita
também, obviamente. Estou chegando a conclusão, que os perfeitos erram, e
perdoam, e impreterivelmente andam para frente. Estou longe disso e próxima das
mentes encarquilhadas e que olham para trás, criticando e tentando consertar as
coisas no local e tempo errado...pois o que passou passou, e por definição, os
nós embolados, assim continuarão se não os desatarmos seguindo em frente.
Círculo, repetições em ondas, de
uma geração para a outra da família, cada barriga gera uma hipérbole dos seus
próprios medos e neuroses...onde isso foi parar? Há conserto?
Não posso negar a frustração de
que essa “sala de aula”, não existiu , compensei observando, escutando,
imaginando e sonhando...que, quem sabe ela existirá no momento em que minha
maturidade me permitir. Por enquanto, eu vou apenas registrar o meu curriculum
vitae, aqui, da forma em que a vida me levou a escrever.
Entendi a poucos dias, que os
sonhos não tem começo e nem fim, são geralmente fragmentos. Eu sempre escrevi fragmentos...e tento faz alguns dias, ter algum insight para decidir em que ponto
eu vou começar a escrever minha história, terminar então nem se fala, eu não acredito que as histórias terminem...
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