segunda-feira, 30 de abril de 2012

Carta ao tempo




Ele, o destemido e implacável tempo, na sua tarefa árdua de descascar as paredes, matar os ideais, envelhecer as pessoas...não consegue abortar meus sonhos...

A angústia causada pela incerteza do futuro, misturada com a ansiedade de conquistar minhas paixões, me fazem perder o sono...

Sinto que cresço e que estagno concomitantemente, quando constato diariamente que muito quero, e pouco posso, muito almejo e pouco tenho. Muito posso ser e quase nada estou...

Devaneio a respeito de como comunicar meus projetos para aqueles que esperam de mim o praxe, a cortesia ou até mesmo a formalidade que em mim inexistem.

O que fazer, se o que melhor produzo são sonhos, se cresço no lúdico ou nas incoerências do mercado?

Brinco que vou comunicar minhas idéias em prosa, e que vou ter como resposta choros ou risos, broncas ou aplausos...

Digo-lhes com veemência que todos os seus atos são vãos, pois  todos os meus direitos são divinos, e que meus deveres são obrigações éticas que tive a infância para aprender, assim como fazer a higiene pessoal ...

Vocês podem lavar minha alma além de assinar minha carteira?

Me ajudar a conquistar um cargo ou a lua? Pois se não pretendo simplesmente me aposentar, mas um dia cumprir a  minha missão...

Nunca vou esperar uma placa de condecoração por serviços prestados.

Quero conquistar um espaço, como uma árvore plantada:

Aqui vive, sobrevive dignamente, quem tanto amou a e lutou para viver apenas de sua vocação!

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