Não sei se dói, ou
se apenas estranho o fato de não sentir mais alegria ou prazeres no
que era habitual para mim.
Crescer, no sentido
apresentado como social, não me interessa, e se, por um tempo fingi
me preocupar com cotidianos, talvez para manter minha sanidade
mascarada com roupas sociais aceitáveis, hoje, atingi o que
considero meu ápice: “cago e ando”. Não há alegria
nisso...essa sou eu, por debaixo de tudo que me fizeram aprender ou
ser.
Eu pari minha filha,
e só assim entendi que mais amplo do que a normalidade, é a
singularidade. E só há dois caminhos para a singularidade: a
escolha ou a fatalidade.
É como um prazer dolorido, são quase sádicas as visões que passei
a vislumbrar depois que arranquei meus olhos, e por baixo destes,
novas órbitas me mostram outros significados de coisas que eu achava
banais ou muito importantes. Tudo material passou a ser feixe,
ilusão, impressão, etéreo...e os sentimentos, as dores, as
saudades, os amores, passei a perceber como o que há de concreto,
Sim, essa inversão
já teve em mim o peso de uma deficiência.
A transcrição dos
meus sintomas talvez configurassem caso de internação para alguns
“doutores”, que hoje entendo...aprenderam a ser um imenso cordão
de isolamento, o front da guerra contra as diferenças, portando
dicionários e compêndios para classificar as aberrações humanas,
cuja sociedade precisa ser poupada do convívio.
Aquelas
pessoas...que tem vontades, desejos, dificuldades ou costumes que não
estão transcritos nos parâmetros da normalidade, por isso vão ser
incluídos em listas de síndromes de nomes estranhos, sejam essas
síndromes já descobertas e comprovadas em hélices de dnas
defeituosos, ou síndromes que, ainda inexplicáveis ou
incomprovadas.
Gavetas mais fáceis
de armazenar nossas mazelas, essa qualificação também facilita a
escolha do remédio a ser indicado, ajuda também, que nós mães,
nos conformemos com o laudo que PROVA que nosso filho não passará
de um autômato, afinal de contas, nós também sempre fomos...assim
como nossos filhos que não necessitaram ser enquadrados, não
enxergam que o limite da indiferença está um passo antes da linha
da tolerância, sequer sabemos o que há do outro lado, mas com
certeza, é um mundo melhor.
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