Eu tenho memória de um fato, que só ontem eu me dei por
conta, o quanto e como ele foi importante para mim. Algum pensamento encadeado,
me fez lembrar do momento do parto do meu segundo filho, o primeiro parto que
fiz foi cesárea e o segundo foi parto normal. Me lembrei do momento em que
“expulsei” Lucas de mim...as enfermeiras gritavam empurra...empurra. Eu não fiz
força para empurrar, mas houve o empurrão e grunhidos que ocorreram de forma
totalmente alheia a minha vontade, uma
sensação muito agradável, difícil de descrever, como se a natureza se apossasse
de mim e tomasse minhas rédeas, um
empurrão. Minha garganta se abriu e literalmente grunhi...
Hoje estou vendo esse momento, como um contato supremo com
nossa natureza primeva.“Nossa” em função desta memória definitivamente não ser
minha visto que foi meu primeiro parto normal. Nossa, por que todos nós temos
guardada, nossa natureza primal.
Encadeando um pouco mais com outras sensações que vivi, levo
fama até hoje de geniosa, pois quando eu era criança, quando passava por
determinadas situações que eu necessitava de defesa, me modificava, quantas
vezes, ouvi de minha mãe “segura ela”, pois só de olhar para os meus olhos
cerrados e a mordedura da boca segurando os lábios, que ela sabia que meu
próximo evento seria atacar. Ainda sinto isso em algumas situações, e quando
isso está para chegar, eu peço para ficar só. Por que a natureza nesse tempo,
já me colocava em suas rédeas.
Não sei por que acontecia, se isso foi resultado do meio, ou
essa natureza em mim, já nasceu aflorada, mas fiz questão, de muitos anos para
cá, de tirar a natureza do comando, e deixar minha razão na montaria.
Porém, além de ter me poupado de uma série de desconfortos, me privou de um grupo de intuições que
montavam em mim junto com a natureza.
Ontem eu discuti com minha filha: Como ela não queria
acordar, eu simplesmente peguei o filho dela para cuidar neste dia, e ela
resolveu deixar virem buscar o filho
dela numa situação que certamente traria riscos para a criança, porém o
raciocínio de que, quem deveria ter tomado conta dele, deveria ser a mãe e não
eu e de que aquela criança não poderia entrar nessa situação de perigo, foi crescendo, e de repente, entrei em um
processo de mau humor, fora do meu controle, pedia para ela me deixar só no
quarto, cheguei a escrever para minha mãe, alertando que eu iria estourar,
expliquei que mais uma gota eu perderia o controle...Marcela quis forçar para
entrar no quarto, e eu a empurrei, com todas as minhas forças para que ela
saísse. Pronto...lá vem a danada de novo nas minhas costas, o pior...nas costas
dela também. Brigamos, feio...ela gritava que não queria assustar o filho que
eu parasse de vez por todas de brigar com ela.
Bom... a chave para a briga, foi justamente ela se ausentar
da proteção do filho, como que de repente a preocupação dela, era proteger o
filho¿
Depois disso ela foi se acalmando, e tomou a decisão de
realmente não expor o filho aquela situação...pensando hoje nisso, cheguei a
conclusão, que não foi minha conversa que ajudou a tomar uma decisão: foi
simplesmente a primeira vez que vi a natureza montar nas costas dela, e ela por
si só, mostrou para Marcela o caminho correto.
Entendi então, lembrando de diversas passagens, que Marcela
está completamente desconexada com essa natureza primeva, compreendi o quanto
ela é necessária, compreendi também quais as coisas boas que ela me trazia e
mentalmente, separei das coisas ruins.
Temos um tesouro intuitivo,
que é a chave de ligação para nossos instintos, neles estão guardadas muitas, mas muitas habilidades, que não exercemos,
capacidades que nos foram transferidas e desconhecemos.
Essa ponte da intuição, é capenga em Marcela
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