Calamos-nos,
enquanto o mal não atinge a nós mesmos. O nome disso é omissão,
irmã de sangue da covardia.
Criaturinhas
ensossas que somos, apenas entendemos o sentido da palavra empatia,
quando sentimos o mal na própria pele.
Acabaram-se as
listas de defeitos viáveis, para nos culparmos e nos agredirmos uns
aos outros, portanto, não é mais necessário motivo para que
expliquemos nossas próprias atrocidades, pois a verdade, é que o
mal sempre existiu pelo próprio mal, não para atingir aquele que
tem religião diferente, cor, raça, sexo, opção sexual...isso
sempre foi uma justificativa para lançarmos para fora, o que existe
dentro de nós. O “pai rancor”, marido da “esposa medo”.
De onde surgiu esse
medo¿ Talvez do princípio de tudo, onde era o “diferente”,
o mensageiro da pedra ou espada que nos colocaria, frente a frente
com o desconhecido: a morte. Pois é, passamos a temer uns aos
outros, tal qual a lebre, teme a raposa.
Talvez a cultura do
“Inimigo”, nunca acabe. Alguém precisa ocupar a cadeira dos
nossos desterros. E entram eras e saem eras, de danças da cadeira,
tronos dos nossos próprios demônios são cultuados, materializados
em criaturas inocentes...inocentes¿
Pergunto-me em que ponto termina a ignorância bruta e começa a
inocência, que antecipa a mais completa crueldade humana. A
inocência é um momento único, e talvez nela esteja a ciência da
velocidade da luz. Nossa razão, habitando ainda corpos rudes,
incapazes de capturar a inocência, de contemplar a beleza e as
diferenças, se encontra no paradoxo que liga o homem ao animal de
forma mais profunda possível. O animal esta próximo da natureza e
de suas forças maiores, para perto de quais forças nos encaminhamos
quando ganhamos a inteligência¿
Nos calamos,
enquanto o mal não atinge a nós mesmos. O nome disso é omissão,
irmã de sangue da covardia, mas isso é coisa de homem, não de
bicho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário