sábado, 30 de junho de 2012

Insone


Não sou insone, tenho pena de dormir e perder meus sonhos. Tento arregalar meus olhos para que quando eles chegem, eu os encare de frente.

Quando eles se aproximam, são trazidos por manadas extintas de mamutes, e sobre minha cama, a sinto vibrar anunciando a chegada dos seres que já se foram, mas gritam dentro de mim, e chegam pisoteando minha alma...espalhando ela no chão desbravando meus esconderijos desconhecidos.

Eles sem dó derrubam meus muros, e abrem caminhos para que eu possa passar, sem me perder. E eu não me perco!


Com os olhos inchados, subo no primeiro mamute da fila, me esforço aos poucos me equilibrando para ficar de pé...

...e fico, estendo os braços o máximo para o alto, junto com minha cabeça inclinada para trás e sorrindo, passo com minhas mãos, em milhares de pedaços de pano, pendurados dos céus, colchas, retalhos, fios cordas, e como um fantoche, por eles vou me equilibrando, ou guiando...

...Guiando essa manada para pisar destruindo as idéias que me fizeram sofrer, escuto o surdo rachar de pedras se desfazendo em areia, abrindo um amplo terreno sem paredes.

desço, e no sentido perdido das coisas, acho os meus pedaços relevantes, cacos...migalhas, vidros, graõs de areia, restos de lixo...sobra pouco que é realmente meu.

Mas a manada ainda me espera, com calma observando, eu sentada como em caixas de areia, juntar os restos, empilhar, montar torres, de restos de demolição, me transferi pra minha infância na beira do mar, escolhendo o ponto certo para cavar e gastar minha forças pra levantar um castelo, ciente que a água vai desmanchar.

Mas nada me aborrece, se esse ou muitos foram destruídos, pois se eles se foram, eram fracos...e terei sempre manadas maiores para me ajudar.



Um comentário:

Anônimo disse...

gostei do que li. forca