quarta-feira, 13 de junho de 2012

Posse?





Eu não passo da terra que brotou meus filhos, e não tenho mãos que os proíba de desenterrar suas raízes.

Essas plantas partem e fazem de suas raízes, pés...e vão enfeitar o mundo.

O buraco que fica nesse lugar, nem cimento tapa, mas a chuva castiga e o sol resseca, mas ali realmente era apenas morada.

Até nossos corpos são emprestados, e um dia para essa mesma mãe, temos que devolver.

Eu fecho os olhos e penso nos meus filhos...

E acho que ser mãe, aliás, tenho certeza...prova a existência de um plano...

...eu não sei quem fez esse plano, pode ser apenas a natureza a detentora destes labirintos da vida...
mas...lágrimas...

Aprender dessa forma, é como aprender que realmente não nos pertence nem a ponta do fio de cabelo, até os pés...

Pois se uma parte de sua carne, se descola e continua...e não pode haver ligação no mundo maior que essa, como se alegrar com ser dono das coisas?

Se nem o que você gera com amor lhe pertence, o que nos pertencerá então?

Nada, absolutamente nada, então...por que viver em função de ilusões com forma, peso e valor?

Eles estão vivos...existem, eu quem criei e seguem seus caminhos.

Vou eu sofrer por não ter uma casa? Um carro? Uma meta material não alcançada...mas por Deus, eu adoraria sorrir por ter essas posses, ou chorar por não tê-las.

Mas não posso, não consigo, essas coisas não merecem minha dor ou minha alma. 

Tinha a pretensão que o que gerou é seu? Não, nada é seu. 

E só cuidas das coisas que lhe confere esse sentimento de posse? Essas coisas estão te enganando...ou você se engana ao tentar acarinhar naturezas mortas? 

As naturezas mortas seque existem, pois existir é um estado plural, o que existe é o que te conpensa o carinho doado, é o que te responde com o olhar...

Esses seres, que retribuem, retribuem e são livres na medida do possível.

Se cada um já tem que cuidar e zelar pelo seu próprio corpo e espírito, e é para isso que estamos aqui...tomar para si essa responsabilidade é sinal de egoísmo e posse, é anular a existência do outro.

Pois ela, a existência, é para que aprendamos a ser jardineiros.

Jardineiros da própria alma, o vaso...o vaso também é um intrumento...

Quem idealizou tantos jardins, não sei, mas desacredito que tenha sido um homem.

Pois se redondas como o planeta ficamos, nutrimos como a terra, abraçamos como as árvores...não acredito que aquele que só entrega a semente, entenda completamente o que é a vida.

Ele pode entender um pouco.Mas só que grunhiu como a natureza, quando acreditava que somos apenas racionais, tem o poder de compreender a criação.

Só quem expele seu mundo, vivencia o verdadeiro big bang. Só isso que nos ensina que possuir é uma grande ilusão.

Amar é olhar as estrelas, distantes, cegas, surdas e mudas... e torcer por elas mesmo assim. 

O nascimento é para aprendermos a apenas contemplar o universo, sem ter a estúpida crença de dominar.

Pra que então existir? Fazemos parte de uma grande obra, uma pintura de diversas nuances, sentidos e faces.

Somos apenas elementos que compõe um cenário de perfeição, nos basta sentar, e olhar em todas as direções, chorando, rindo...agradecendo. Agradecendo a experiência de fazer parte de uma composição tão perfeita...nos foi permitido conviver com esse cenário indecifrável.

Paremos de tentar possuir, dissecar, decifrar...

Olhem para todos os lados e apenas sintam que somos o único milagre que existe, em meio a tantos seres desprotegidos e sem palavras, o acaso fez de nós fez os únicos a pensar. 

E será que foi o acaso? Somos únicos que podem testemunhar a beleza, registrar as histórias da criação, e transformar ela em sonhos.

Não percamos nosso tempo demarcando territórios, ele é infinito...

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