domingo, 10 de junho de 2012

Pintura despreocupada





Crescendo, não envelhecendo, é como me sinto através dos meus cabelos mais longos, minhas ancas mais largas, seios sem leite porém mais redondos. Minha pele é mais grossa para conter minha alma fortalecida. 

Não temo perder a feminilidade, o que é da minha alma de mim não se separa. Minhas palavras são cada vez mais convincentes e sedutoras, e se em volta dos meus olhos começam a surgir sulcos, é para receber os rios de vida que nos meus olhos não mais cabem.

Não penso em juventude e não temo a velhice, as palavras que em mim rebolam já foram duras e sem cintura, meu apaixonar caminha de saltos altos. Minhas curvas podem estar menos tênues, mas é por essa estrada que minha alegria caminha com segurança.

Me sinto grande, posso ver tudo de cima, mas posso estar perto dos seus olhos, ou te louvando de joelhos se você for poeta.

Estou é nascendo, e não vou acreditar no contrário por que meu corpo está cansando. Meus sentidos são mais aguçados, minhas alegrias mais louváveis, meu choro mais passageiro...

Sim, eu já me senti muito, muito feia, mesmo jovem, não me sinto mais, por que minha tela não está vazia, nela está impressa os meus caminhos, conquistas e dores. Pinceladas marcadas de Van Gogh são mais expressivas do que Rembrandts com suas lisas veladuras. Me sinto no “o grito” do Munch, no “Campo de trigos com corvos” do Vincent, na mulher escancarada de Schiele, e a tinta derramada em gotas vermelhas de Pollock.

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