domingo, 10 de junho de 2012

Tempo e Imaginação






Se o tempo, esse filho da puta, é tão cretino e afobado, está aí nossa imaginação para nos salvar.

Ela, a imaginação, não só é a nossa máquina do tempo, mas também é a artista que enche de flores as lembranças embaçadas. É a fotografia que não se desgasta e ainda cresce...

Será que eles são casados¿ O tempo e a imaginação¿ O casamento perfeito ao qual os cônjuges cada vez mais se distanciam, e mesmo assim, um precisa do outro.

Acho que o tempo é o pai e a imaginação a mãe.

Ele marca nossas horas de ir e voltar, estabelece os limites e mostra a dor e as verdades, a imaginação te manda fechar os olhos, e te ajuda a conceber um passado infinito, um futuro cabuloso, malandro.

O tempo te faz o Dédalo astuto inventor te empurrando à a entrada do labirinto, a imaginação é seu filho parido: Ícaro, que voa sem se importar com o derretimento das asas, ele faz da saída deste labirinto, o caminho para o céu.
As vezes Dédalo chega com seu tempo e me faz sentir a vida como um enorme labirinto de dores e erros...deito e chega o Ícaro, a idéia que é mais viva que quaisquer formas que eu conviva na luz do dia. Ícaro voa, e com ele e a imaginação eu vejo tuuuudo pelo alto e a beleza que o tempo não me permitiria contemplar, ele me mostra, me abraçando e sussurrando que é através dessas imagens, montanhas e frios na barriga, que a vida tem sentido tangível.

Pois são só nossas idéias e sonhos, que são de fato real.

Eu acredito nisso sinceramente: estamos vivos é no momento que dormimos, acordamos mortos e aprisionados por uma matéria limitada, correntes da alma...carcereiras que não nos permitem voltar para onde o universo é nossa criação.

Não, meu mundo não é esse que passo por ele sempre desapercebida, em função da pressão dessa porra de carrasco tempo, que não me deixou sequer parar para observar que a cada dia perdemos com nossos filhos em sua forma mais inocente, é um pedaço dessa inocência que estamos deixando de contemplar...Só a imaginação me leva a eles, e a outras peças desse tabuleiro da vida cujas peças inexoravelmente, se dissipam.

O tempo produz uma pressão qual fosse o marido que tem pressa de sair. Ele, o tempo pode ter pressa, não há problema nisso, dou ele sarcasticamente de oferenda: meu corpo...

Tempo estúpido que crê me dominar, sem se dar conta que ele não existe na imaginação ou na alma!
A imaginação esconde as asas que me deu, e no breu da noite ela me devolve.

E vestida dela eu voô sobre as coisas que não conquistei, as que vivi, e ao olhar pra frente, ela me mostra uma casa com milhares de portas, pois de mãos dadas com meus sonhos vou escolher a porta certa.

O pobre tempo será um eterno perdedor, ele se sente seguro por ser o dono dos meus bagaços, ignora o fato de que a imaginação guarda escondida o suco deste bagaço, o sumo que alimenta minha eternidade, e me mostra que posso caminhar com calma, com a velocidade de quem sabe que esse pai relativo tempo, é banido de nossa alma.

Esse tempo é digno de pena...e se considera o controlador de todas as coisas, coisas que justamente por cumprir suas regras, partem para meus pensamentos, e o deixam na mais completa solidão. Por isso aqui dentro, ele é só o vácuo do meu universo em expansão.

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