terça-feira, 19 de junho de 2012

Meu espelho






Torvelinhos!!! Que porra é essa...vendavais, interiores! Eu sinto...me basta fechar os olhos.

Por que sinto que os meus sonhos cresceram, por eu ter mais espaço. Sim, eu tenho mais espaço...e nem um cubículo aprisionaria meus pensamentos.

Nem sob tortura eu retorno, por que dentro de mim eu vi o céu...e nele, mesmo no escuro eu me encontro.

Eu já vi...em muitos momentos, ao olhar no espelho, terrenos áridos, plantas murchas, cabelos curtos...mas hoje não. Hoje eu olho, e sei que mesmo se estivesse amarrada e com algemas, não importa, limpei os quintais dos meus submundos. Eles eram vastos.

Mas meus submundos viraram minha varanda. O pátio onde eu me amparo quando me encontro pequena ou chorando. O oásis que eu bebo água, depois que me permiti secar minha boca sem medos, de tanto gritar!

Ninguém diz para eu não  me “per vertere”...eu “me ponho ao lado” de onde meu bicho mandar. E é nesses espaços não permitidos que eu estava escondida, quando acreditava que desejos não existem.

Eles existem e não são monstros alados e muito menos bois da cara preta a me assustar. São apenas cantos do meu jardim de inverno, onde eu deveria ter voado quando a dor a dor insistia em pousar.

Mas meu mundo não tem mais portas ou muros, se comecei a derrubá-lo com dedais que passarinhos me traziam aos poucos, em um dado momento, criei bombas com meus próprios hormônios, que poderiam derrubar até o muro de Berlim, Muralhas da China...uma dose um pouco maior implodiu meus pesadelos.

Nesse espaço arejado, aguardo o surgimento de novas curvas ou esfinges. Com as respostas na ponta da língua, as armas na ponta dos meus dedos lançando versos. Flutuo.

Eu não temo o movimento das ruas, mas por enquanto nelas não encontro a liberdade que a solidão me permite.

Se o medo da solidão já me manteve morta, a coragem de enfrentar essa filha da puta,me permitiu existir. E eu existo! Sem países, cidades, ruas ou casas. Talvez até sem meu corpo, por que me basta fechar os olhos, pra eu entender nunca que nunca estou só , se em minha vida perdi alguns pedaços por aí, eu os encontrei, e no espelho eu me vejo por inteiro.

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