Minha luta é contra e a favor do útero, pra que ele volte ser apenas um órgão de um sistema que gera vidas livres, por que mesmo ele estando em minhas entranhas ele obedece aos comandos de ditadores que nem estão mais entre nós: eles não morreram e conseguiram fazer do meu ventre uma máquina autômata, geradora de FRACASSOS e de SUCESSOS.
Por isso apenas, as minhas dores são comparáveis as dores de milhares e milhares de mães que perderam seus filhos em trincheiras concretas, era bem mais fácil combater os campos destruídos mas sólidos, pervertidos mas visíveis ao ponto de possibilitar que fossem combatidos. Mas hoje, os banheiros que liberam gases trazendo a morte, atuam como fantasmas de suas matérias, e eles estão em todos os lugares por que passamos: Pessoas caminham pra morte em vida, não estão mais em fila indiana e não possuem o companheirismo que só tragédias com carnificina exposta, provocam.
O sangue, os ossos, e as pilhas de corpos ainda estão por aí entre nós, tentando nos contar que a mutilação do corpo era um mal menor do que o estraçalhar de almas...pois não são mais necessários líderes autárquicos, discursos embasados em técnicas e poderes de convencimento, não são necessários tanques, armas, bombas, radiação...nada, nada é visível hoje...mas mesmo assim, somos ainda os precursores da destruição.
Por isso, pra mim, só os úteros tem o poder de salvar o mundo, basta cada mulher se focar no ato do nascimento, na visão do primeiro choro e no único centésimo de segundo da vida, em que a liberdade se faz presente. Mães daqui, não eram pra ser educadoras, mas sim corruptas, ensandecidas...pois tudo, absolutamente tudo que está ao nosso redor é torpe e deturpado, e só as mães com idéias de loucas, são soldadas salvadoras de vidas.
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