quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Menino concreto




Eu vi um menino construir cidades. Enquanto outros brincavam e ignoravam os seus futuros, lá estava ele, silencioso estudando o mundo. Não apenas o mundo, as construções que ele aprendeu não foram só as de concreto armado.

-Paulo, onde fica tal rua?

Ele traçava as coordenadas, mas alimentando essa paisagem, mesmo em criança ele descrevia a direção do vento desses lugares, no rosto de quais pessoas esse vento bateria ao dobrar uma esquina, qual seria o pensamento dos homens que seus cabelos voaram sob o vento...ele já conhecia todas as terras, povos, culturas ou religiões.

Debaixo do concreto armado ele continuou, se sentindo comum como os prédios frios mas densos, de poucos detalhes mas sofisticados...sem entender a grandeza de seu caminho...mas isso é compreensível, Teseu não se sentiria herói se seus caminhos fossem retos.

Lá está ele ainda, se sentindo mais soterrado do que realizado, por ter erguido castelos não seus, mas do próprio rei.

Para Paulo Schultz, grude genético que tanto amo...

* Eu não precisei ler clássicos e buscar conhecimento pra muitas coisas,  tive o privilégio de ser uma estudante passiva, das histórias dos livros que meu irmão me contava.

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