terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Kafka realidade




Nesse mundo não há residência para a piedade, e se o discurso é "ame ao próximo", finja que ama pra tapear a tua falsa importância ou sua necessidade de aceitação. Mas se quer ficar de pé: não ame.

As multidões fingem acreditar nessa realidade apenas pra manter suas almas lavadas, pra se sentirem nobres, mas esse teu eterno impulso pra fazer parte de algo é o teu único pilar.

Nascer crendo que o amor amarra as pessoas incondicionalmente, é ração pra um cachorro bem fedido, um vira lata, chamado "Ilusão", se fechar teus olhos vai ouvir um turbilhão de vozes te impelindo a compreender a vida e o amor.

Devagar, devagar essa "sentimento alma humana", age contido como um excelente amante, te sussurra palavras doces no ouvido, tremula suas pernas, embarga sua voz, entorpece seus sentido...e te pega em tocaia fixando eternas algemas...

Ai de você se não aceitar nesses conceito de paixão: tua fuga dos valores de abnegação da vida (por que isso é a base de nossas relações, um grito: fique comigo e não exista!), vão te levar a se sentir um corpo estranho. 

Famílias, igrejas, sistemas aparentemente racionais...te mostrarão não o fato de não estarmos ainda longe das amebas...Você vai olhar pra braços humanos que um dia te abraçaram, e vai entender que você não passa de uma partícula...envolvida, digerida, fagocitada...mas com o poder de a qualquer momento, se tornar um corpo estranho.

Será que conservamos alguma memória desses processos, simples, ultrapassados, primordiais? E estar vivo, em consequência é ser aceitar ser engolido, ou arcar com as consequências de ser expulso.

Não me aproximo de ser uma aranha venosa dissecada por Darwin, palmas para Apolônio que dedicou sua existência ao "PI"... hoje abomino cada mártir inventor, todos os vitimados pela porra do prêmio Nobel...tapetes vermelhos estendidos aos gênios do cinema...não quero entender ao mundo...não...

Entender ao mundo é a praga de todos os nossos sistemas, não enxergamos o básico: somos mais escravos da precariedade, e de simples ciclos, que envolvem a tudo aqui presente: ácaros, florestas, pedras, elefantes...tudo aqui nessa realidade ilusória...é escravo de um ciclo incessante: 

Todos possuímos células, átomos, sistemas, enzimas...mas nós que aqui estamos, e por vós esperamos, somos os que na ganância de ser maiores, somos movidos pelas forças dos mais desprezíveis parasitas, por nós mesmos decodificados...

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