quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Musas?




Musa ainda existe, e é simples garrafa de inspiração para um homem beber, ou prato farto pro herói se fortalecer, e por quanto tempo fomos bebidas e comidas? 

Talvez ainda sejamos garrafas e pratos que alimentam esse mundo que ainda não nos pertence...crescemos? Não...ainda lambemos sobras e roemos ossos como nossas ancestrais das cavernas. 

Mesmo nos momentos que cremos que esta terra é nossa, o que fazemos é apenas tomar as armas empunhadas pelos capitães de pênis do universo, pra como palhaças ou micos, gritarmos que esse lugar é nosso.

Não, esse lugar não é nosso! Nem tão pouco nosso lugar é inspirando epopéias como a musa Clio, nem inspirando quaisquer outras atividades, que permitam que nossas almas sejam sugadas para manter essa tralha desse mundo.

Paremos de ceder nossos hormônios para criação de bombas, puxemos as sangue sugas dos seios da terra, mostremos que nossa tarefa sempre foi adubar, alimentar e conjuntamente criar.

Se a palavra musa derivou originalmente "música e arte"...hoje reverbera ainda silenciosamente em nossas mentes sussurros: Me usa...me usa...

Minha vontade feminina é me armar de britadeiras e quebrar todo o concreto, soprar de leve e derrubar todas as construções...colocar fogo em bolsas e sapatos...correr descalça entre os lobos e gritar que o planeta deveria ter sido meu desde o início. Minha árvore não deveria ter sido podada, meu fruto nunca considerado proibido.

Grito pra todos os gineceus aflorarem em nossas florestas, e transformarem o mundo, o cobrindo com plantas de todos os tipos...com folhas pegando crianças no colo, cobrindo o frio dos que dormem nas ruas, alimentando a fome e envolvendo como carnívoras as armas e as guerras. Protegendo o chão da chuva e do sol...

Sem perceber ainda somos o fruto mordido, somos a alma em tintas em um quadro preso na parede, portadoras de troncos invisíveis no meio das pernas, querendo mandar...mas não somos castradas, apenas não germinamos por falta de ar...

*Clio (a que confere fama) era a musa da História, sendo símbolos seus o clarim heróico e a clepsidra.

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